Elevação histórica faz Município alterar áreas de risco, testa capacidade do dique de contenção e a orientação é para evacuação total dos locais próximos
Por César Soares 16-05-2024 | 16:05:25
Pessoas que ainda estão em áreas de alto risco de inundação em Pelotas, classificadas como vermelhas, têm que deixar esses locais imediatamente. O alerta máximo foi reiterado por todas as forças de segurança, em reunião na Sala de Situação, depois que o canal São Gonçalo atingiu a marca histórica e inédita de três metros de nível, durante a madrugada desta quinta-feira (16), conforme a régua de aferição instalada no Porto.
Diante da elevação repentina do canal, considerando a sobrecarga de água que está recebendo, o eventual risco de transbordar, além do acúmulo de água em alguns pontos da cidade, devido a alagamentos provocados pelo arroio Pelotas e pelo estresse do sistema de drenagem, o mapa de risco de inundação foi ajustado e o alerta de evacuação intensificado. “O nosso dique vem funcionando bem com todo esse excesso, mas, frente a tantos fatores, é muito difícil prever, por mais que tenhamos especialistas monitorando, onde vai chegar o canal, com muita antecedência. Por isso, precisamos ter precaução. Revisamos o mapa e pedimos com muita ênfase que, nas áreas em vermelho, as pessoas que ainda não saíram ou que voltaram deixem suas casas e vão para lugar seguro”, reiterou a prefeita Paula Mascarenhas.
A alteração implicou a ampliação da área em vermelho em locais como Laranjal. Novo trecho, entre parte das ruas Alberto Rosa, Álvaro Chaves e Bento Martins até a avenida Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que não estava em nenhuma classificação, entrou em área laranja de alerta devido ao sistema de drenagem sobrecarregado. Alguns pontos que saíram do vermelho para o laranja voltaram a ser classificados como área de extremo risco. O mapa atualizado pode ser conferido neste link
Além disso, as autoridades reforçaram o pedido à comunidade para que não circulem sobre o dique da Estrada do Engenho nem pelos locais considerados de alto risco como no entorno do Quadro e nas vias que já estão com lâminas de água, como as avenidas Ferreira Viana e Adolfo Fetter. Conforme a chefe do Executivo, esses pontos devem ser utilizados apenas em casos de extrema necessidade, por algum morador, atendimento médico ou acesso de alguma das forças de segurança.
O monitoramento do canal registrou, às 5h desta quinta-feira (16), a marca histórica na régua de medição do Porto, de três metros de nível, superada, ao meio-dia, chegando a 3,02 metros. O máximo registrado até então era de 2,88 metros no domingo (12), mesmo índice verificado na enchente de 1941. Conforme os especialistas da Hidrologia da UFPel, um conjunto de fatores, com situações atípicas, está contribuindo para essa elevação. Os dados, segundo o modelo temporal trabalhado, já indicavam que, por volta do dia 15, Rio Grande receberia grandes volumes de águas vindas do lago Guaíba e também da Lagoa Mirim via São
“O diferencial é que a maré no canal da Barra está se mantendo em níveis elevados há mais de 36 horas e isso não é o padrão. Geralmente, a maré sobe à noite e baixa de dia. Essa pressão da elevação da maré e a redução da saída da água está provocando inundações em Rio Grande e, consequentemente, ocasiona o efeito de empilhamento das massas de água, provocando a elevação da Lagoa dos Patos na nossa região, dificultando o escoamento do canal. Também estamos com o vento sem grande intensidade, quase nulo, fazendo que a nossa variável maior seja a oscilação das marés”, detalhou a hidróloga Tamara Beskow.