
Operações integradas: um novo cenário na segurança pública de Pelotas
A partir da necessidade de criação de ações na segurança pública, a Prefeitura de Pelotas lançou, em julho de 2017, as Operações Integradas, esquema de ações conjuntas que reúne as forças de segurança e órgãos de fiscalização do Município. A estratégia, que posteriormente foi incorporada ao eixo de Policiamento e Justiça do Pacto Pelotas pela Paz, apresentou somente no primeiro ano de implementação uma queda de 33% nos roubos a pedestres, indo de 3.261 ocorrências em 2017, para 2.511 no ano de 2018.

Foto: Michel Corvello - Arquivo/Ascom
O trabalho conjunto, que inicialmente surgiu com a premissa de monitorar crimes violentos, crimes patrimoniais e registros de perturbação do sossego, já abordou, aproximadamente, 70 mil pessoas e 35,7 mil veículos. A soma de esforços, aliada aos serviços de inteligência dos efetivos, tem resultado em um novo cenário para a segurança de Pelotas. A chefe do Executivo, prefeita Paula Mascarenhas, comemora os resultados.
“As operações integradas estão entre os projetos de maior sucesso do Pacto Pelotas pela Paz. Nós temos vivido a integração efetiva, com as forças de segurança e as equipes de fiscalização do Município, desde o planejamento até a execução das ações. Esperamos que essa política pública se mantenha, a fim de que Pelotas continue colhendo os frutos do trabalho integrado”, frisou a gestora municipal.
De acordo com os dados do boletim de informativos criminais, do Observatório de Segurança Pública, os crimes violentos letais intencionais (CVLI) aparecem como uma das maiores reduções desde a efetivação do trabalho integrado. No comparativo entre 2017 e 2022, as ocorrências registram uma queda de 81%.
“Nestes últimos seis anos, Pelotas se destacou nos resultados pela integração entre os órgãos de segurança e fiscalização. As operações integradas são um projeto único, o qual superou barreiras e estreitou as relações institucionais, fazendo com que cada um cumprisse as suas atribuições, mas de maneira integrada, trabalhando em sintonia em prol da sociedade pelotense”, destaca o secretário de Segurança Pública, José Apodi Dourado.
Ainda sobre os números, é interessante observar a curva decrescente nos índices de roubo a pedestre em Pelotas. Conforme mostra o gráfico abaixo, antes da implementação das Operações Integradas, os registros do delito ultrapassavam a marca de três mil ocorrências, média que atualmente gira em torno da casa de mil registros por ano, representando uma redução de 68,47%.

Imagem: Divulgação/Observatório de Segurança Pública
O comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Paulo Scherdien, lembra que um dos primeiros desafios da atuação conjunta era obter a redução dos índices de homicídios em Pelotas, objetivo alcançado já no primeiro ano.
“No início dessas ações o grande desafio foi a redução dos homicídios, e para isso foi preciso muito trabalho nas ruas com diversas ações ostensivas e de inteligência. Cada instituição possui a sua competência, mas na integração todas se complementam e trocam, além de informações, experiências e união de recursos humanos. Os resultados da redução de diversos delitos mostram o sucesso deste modelo em Pelotas”, afirma Scherdien.
Além da queda expressiva nos números de crimes violentos, outro indicador que demonstra os resultados do trabalho integrado é a redução nos roubos ao transporte coletivo. Nos dados apresentados pelo Observatório de Segurança Pública, entre 2017 e 2022, este tipo de delito caiu de 199 para apenas 34 ocorrências.

Imagem: Divulgação/Observatório de Segurança Pública
A baixa nos números se repete, ainda, no que se refere aos crimes patrimoniais, como roubos a residências, veículos e estabelecimentos comerciais. Para a comandante da Guarda Municipal, Cintia Aires, além dos resultados exitosos a integração atua como uma ferramenta de fortalecimento das próprias instituições.
“Esse contexto de ajuda mútua possibilitou que os agentes de segurança e servidores de fiscalização, trabalhando lado a lado, pudessem entender que juntos podemos ser mais fortes. O enfrentamento de diversos delitos, que antes atingiam altos números, só foi possível por meio da integração dos efetivos e da troca de informações, fatores que fortaleceram cada uma das instituições envolvidas”, pontua Aires.
Planejamento Integrado
As ações conjuntas, que acontecem diariamente pelas ruas da cidade, passam por um processo de planejamento que também é realizado de forma integrada. A partir da análise de dados das forças de segurança e do Observatório de Segurança Pública, semanalmente são realizadas reuniões preparatórias, as quais servem para avaliar os índices atuais e mapear as próximas ações.
Os encontros contam com a participação da Brigada Militar, da Polícia Civil, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos Agentes de Trânsito, além das equipes dos órgãos de fiscalização, como a Vigilância Sanitária e a Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU). O coordenador do Observatório de Segurança Pública, Samuel Rivero, explica que a análise das informações é fundamental para entender o atual contexto criminal da cidade e definir os próximos passos.

Foto: Michel Corvello - Arquivo/Ascom
“Esse é um aspecto super importante, que destaca a iniciativa do trabalho integrado para além das operações propriamente ditas. Nas reuniões preparatórias, que acontecem toda semana, são apresentados dois produtos: o Boletim Semanal dos Indicadores Criminais de Pelotas e o painel com os mapas e indicadores. Nesses encontros são discutidas as ocorrências que aumentaram e diminuíram, além dos dias, horários e locais com maiores frequências de registros. Dessa forma é possível definir estrategicamente as operações da próxima semana”, afirma o gestor.
Para a diretora de operações da Secretaria de Transporte e Trânsito (STT), Franciele Mendes, a aproximação entre as frentes atuantes foi pontual para a melhora dos serviços entregues à comunidade. “Na nossa percepção as ações integradas, desde que iniciaram, ofereceram muita troca entre as instituições, além do estreitamento de vínculos e aproximação entre os integrantes, tanto na gestão, quanto na ponta. O que a gente percebe é que as Operações Integradas resultaram no enriquecimento do trabalho em conjunto, o que reflete, diretamente, na qualidade do serviço prestado”, argumenta a servidora.
Do crime ao vírus
Ainda nos primeiros meses de 2020, com a chegada do coronavírus, a sequência de bons resultados nos índices criminais passou de protagonista para coadjuvante, considerando a necessidade de atuação frente à crise mundial de saúde pública. Os efetivos envolvidos nas operações relatam que o período em questão foi desafiador, demandando diversas ações de fiscalização e de orientação para prevenção e combate ao vírus.
“Durante a pandemia as forças policiais voltaram seus serviços para questões sanitárias, necessárias para salvar vidas contra um inimigo invisível e mortal que foi o coronavírus. Realizamos nesse período inúmeras operações, fiscalizando estabelecimentos e bares na intenção de evitar aglomerações, que poderiam ampliar o contágio da doença”, relata o comandante Scherdien.

Foto: Michel Corvello - Arquivo/Ascom
Ações como distribuição de material informativo, doação de máscaras e produtos de higiene, além de aferição de temperatura dos condutores, tornaram-se rotina para os agentes das forças de segurança. Para o delegado regional de Polícia Civil, Márcio Steffens, as ações durante o período pandêmico estabeleceram as Operações Integradas como uma importante estratégia de atuação para Pelotas.
“O trabalho integrado mostrou, a partir dos seus resultados, que veio para ficar. Durante a pandemia as Operações Integradas tiveram, não só um caráter de repressão ao crime, como também de proteção à vida e prevenção ao contágio e reprodução do vírus. Quando havia restrição na circulação de pessoas, nós trabalhamos e aprendemos muito. As operações, principalmente no período inicial da pandemia, se consolidaram como uma estratégia importante para a sociedade”, destaca o delegado.
Projeções e perspectivas
Para os próximos desafios, os efetivos planejam a permanência da mobilização integrada e a manutenção dos baixos índices criminais. “Daqui para frente a gente espera continuidade. Os desafios são sempre cada vez maiores e diferentes, por isso precisamos estar sempre nos atualizando e nos reinventando. As operações integradas precisam continuar a partir desse trabalho horizontal, onde quem ganha é sempre a sociedade”, completa o delegado Márcio Steffens.
A partir de um trabalho já estabilizado na segurança pública de Pelotas, os efetivos continuam, diariamente, garantindo o monitoramento dos dados e atuando na promoção da sensação de segurança dos pelotenses. O comando do 4º Batalhão de Polícia Militar avalia a integração das forças como uma iniciativa exitosa, que deve seguir em prática frente aos novos desafios.
“O trabalho conjunto entre as instituições já confirmou que veio para ficar. Juntos, criamos em Pelotas uma rotina de reuniões e operações que certamente continuarão, pois nossos desafios seguem voltados à permanência dos índices em níveis reduzidos”, conclui o comandante Scherdien.
Como entrar em contato com as forças de segurança
Em caso de necessidade ou registro de ocorrências, a Brigada Militar disponibiliza o tradicional 190, além do número (53) 3227-7171, específico para denúncias. Os cidadãos que precisarem contatar a Polícia Civil, devem ligar para o plantão de emergências por meio do 197. A Guarda Municipal atende através do número 153 e os agentes de trânsito podem ser acionados por meio do telefone (53)3227-5402.