Prefeitura Municipal de Pelotas

No dia 4 de agosto foi sancionada a Lei Federal nº 15.187, instituindo o Dia da Luta da População em Situação de Rua, a ser lembrado anualmente em 19 de agosto. Em alusão à data, na terça-feira (26), das 13h30 às 17h30, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), promoverá uma ação na Praça Coronel Pedro Osório, simbolizando a luta pela dignidade dessas pessoas. O evento contará com atividades culturais e esportivas, informações sobre direitos e cidadania, testes rápidos de saúde e vacinação, divulgação de cursos e oportunidades, e serviços de bem estar, como cortes de cabelo e barba, entre outras atividades.Neste dia, também será disponibilizado no evento um cabideiro, para receber a doação de roupas masculinas no Projeto Cabide Solidário. A proposta é que as roupas fiquem à disposição da população que necessita.

A secretária de Assistência Social, Raquel Nebel, explica que as ações que a Prefeitura têm realizado visam garantir mais dignidade, saúde e oportunidades para as pessoas em situação de rua. De acordo com ela, são diversas medidas como o mapeamento dos locais ocupados durante o dia e noite, para otimizar o atendimento e a abordagem; mutirão para o cadastramento dessas pessoas, com o objetivo de garantir o acesso a serviços essenciais. O município também pretende implementar programas de oportunidades de trabalho e cursos de formação profissional, além de garantir o acesso à documentação básica para a inclusão social.

Serviços da Prefeitura para pessoas em situação de rua

O Centro Pop é um serviço da Prefeitura que presta atendimento a pessoas em situação de rua, com funcionamento das 8h às 17h. Localizado na rua Senador Mendonça, 269, divide espaço com a Casa de Passagem, que abre às 17h e permite entrada até as 23h.

A diferença entre estes dois serviços, é que o Centro Pop possui um atendimento diurno, com acesso a três refeições, café da manhã, almoço e lanche da tarde, além de contar com ambiente de lazer, atendimentos, encaminhamentos médicos e psicológicos. Os usuários desse espaço podem passar a noite na Casa de Passagem, que oferece quartos compartilhados, com camas, cobertas quentinhas, alimentação, banheiros adequados, inclusive com um espaço LGBTQIAPN+, para que os usuários possam usar um banheiro no qual se sintam mais confortáveis. Às 8h da manhã é necessário sair para que retornem à sua rotina, ou ao Centro Pop.

Imagens - Manuela Santos/Secom

O refeitório possui uma televisão que passa o jornal, deixando a comunidade informada. Nas quintas-feiras ocorre o famoso PagoPop, no qual usuários levam instrumentos para dançar, cantar e tocar pagode no pátio, levando cultura e descontração ao espaço. Também são realizadas rodas de conversa com temas acerca das consequências do uso de substâncias químicas, encaminhamentos ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), para o Sistema Nacional de Empregos (Sine), além de ajudá-los a montar currículos. “Aqui enquanto serviço, a gente tenta proporcionar ao máximo para que eles consigam essa reinserção tanto no mercado de trabalho, quanto na questão da saúde e em todos os sentidos”, afirma a assistente social Stefanie Xavier.

Todos usuários têm direito de levarem consigo seus animais de estimação, tendo em vista que os pets são integrantes da família e uma grande fonte de afeto, passando por controle de pulgas e vacinação, em parceria com a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA). Inclusive, foram construídas casinhas de madeira que ficam dispostas no pátio, para o conforto desses animais.

Com um fluxo de em torno de 110 pessoas diariamente na Casa Pop e 90 na Casa de Passagem, não há um tempo médio de permanência, mas há quem fique um dia, uma semana, um mês ou dez anos. Além disso, as equipes de acolhimento estão trabalhando no mapeamento de pessoas em situação de rua, para identificação dos mesmos, para dessa forma alcançar um maior número de indivíduos.

O trabalho dessas instituições é um dos braços da luta por direitos e cidadania, assegurando um acesso simplificado e amplo a programas de políticas públicas.

Conheça a história de José Francisco Ferreira Ninho, 61 anos

José Francisco enfrentou desafios pessoais e familiares, incluindo um casamento de 38 anos afetado pelo uso de drogas e questões de saúde. Hoje, ele encontra acolhimento na Casa de Passagem: “O pessoal é muito querido e está sempre me apoiando, inclusive os médicos, que me apoiam muito também. A comida é muito boa, não tenho nada a reclamar. Sou muito bem tratado por todo mundo. A droga atrapalhou minha vida e meu casamento. Até hoje um tem vontade do outro, mas a droga atrapalha. Esses dias ela ligou pra mim e falou: ‘O que te estragou foi a droga, tu foi um ótimo marido e pai’”, lembra. Ele admite a luta diária para mudar: “Faz anos que eu uso, é como o cigarro. Eu tô lutando a cada dia pra sair, mas uma hora eu vou conseguir. Eu disse pro meu filho que vou conseguir. Quero arrumar minha casinha”. A descoberta de uma doença também trouxe desafios: “Quando eu precisei usar a sonda, não tava preparado pra me ver doente. Isso tirou minha vontade de viver, mas agora tô recuperando. Por isso procuro fazer tudo certinho, tô me apegando em Deus cada vez mais, ele tá aqui dentro de mim”, afirma.

Imagem - Manuela Santos/Secom

Números

Em Pelotas, são 876 pessoas em situação de rua inscritas no Cadastro Único, e 701 recebem Bolsa Família. Em julho de 2025, 276 pessoas foram atendidas no Centro Pop e 244 na Casa de Passagem. Esse número é volante durante os dias, ou seja, as pessoas são transitórias, sendo o volume diário máximo de 98 indivíduos, registrado em julho de 2025.