
Chuvas prejudicam manutenção de estradas e pontes da zona rural
Neste ano, o volume de chuva registrado em Pelotas, de setembro até o dia 20 deste mês, atingiu a marca de 944 milímetros, prejudicando e, muitas vezes, inviabilizando qualquer tentativa de prestação de serviços públicos de patrolamento de estradas ou de reparos em pontes. A zona rural sofre, diretamente, as consequências adversas da instabilidade e a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) vê-se limitada para garantir a manutenção viária na colônia.
Patrolamento só pode ser feito com o solo seco - Fotos: Arquivo/Ascom
O vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Rural, Idemar Barz, explica que para patrolar uma estrada é preciso que o solo não esteja encharcado. “Depois da chuva, é necessário esperar a água ser absorvida. Patrolamos, chove de novo, e todo o processo tem que ser repetido. Para o leito ser nivelado, é indispensável o tempo estável. No segundo semestre do ano, perdemos muitos serviços que foram executados e a chuva frequente não permitiu que durassem.”
Chuvas de setembro a dezembro
De acordo com os registros do Sanep, a partir da verificação do pluviômetro instalado na barragem Santa Bárbara, os volumes de chuva foram os seguintes:
* setembro - 528 milímetros,
* outubro – 78 milímetros,
* novembro – 185 milímetros,
* dezembro, até o dia 20 – 153 milímetros.
Precipitações inundaram áreas causando grandes estragos - Fotos: Arquivo/Ascom
A soma de 944 milímetros não inclui as precipitações de julho, quando se verificou o ciclone extratropical na cidade, nem de agosto. No entanto, as chuvas desses dois meses foram o marco inicial para que, em setembro, o solo ainda apresentasse água retida, dificultando a drenagem natural rápida.
Relato da situação
Conforme Idemar, até o fim do primeiro semestre de 2023, a SDR mantinha seu cronograma de manutenção de estradas e pontes em dia. Cada distrito contava com maquinário durante uma quinzena no mês. “Utilizávamos o sistema de revezamento. Uma máquina servia a dois distritos, permanecendo 15 dias em cada um. Esse critério permitia planejamento. Cada administrador distrital estava ciente que, a cada duas semanas, haveria equipamento para os serviços de manutenção”.

Estradas precisam ser recompostas após danos causados pelas chuvas intensas - Foto: Arquivo/Ascom
Segundo Idemar, esse sistema contemplava as comunidades dos oito distritos. Quatro máquinas e quatro tratores mantinham-se disponíveis para o cronograma de manutenção. A frequência de chuvas de setembro em diante inviabilizou esse critério.
“Há meses, estamos priorizando as estradas que são itinerários do transporte coletivo, escolar e de escoamento das produções. No entanto, embora haja disposição das equipes e reconhecimento do Poder Público quanto à urgência nas melhorias, muitas e muitas vezes não é possível trabalhar. Com chuva é inviável e, se o solo não secar, o patrolamento produz mais barro, tornando o leito arriscado para passagem de qualquer veículo”, garante Idemar, lembrando que são 1.280 quilômetros de estradas rurais.
Situação das pontes
Para lembrar, no mês de julho, após o ciclone extratropical que registrou o acumulado de 155 milímetros de chuva no período e a força do vento de cerca de 100 quilômetros por hora, os prejuízos computados foram históricos na zona rural de Pelotas. Levantamento realizado pela SDR identificou seis pontes danificadas e com a situação pior nos casos em que a água dos arroios subiu e passou por cima dos lastros. Vinha pela frente o trabalho de reparos e, em determinados casos, da substituição quase total da estrutura antiga por uma nova. Esse quadro agravou-se de setembro em diante, com novos e sérios comprometimentos provocados pelas precipitações incessantes muitas vezes. Hoje, soma-se, no segundo semestre do ano, 19 pontes de madeira atingidas. Quinze foram recuperadas, uma está em obras e três aguardam manutenção.
Danos provocados exigem substituição do madeiramento - Fotos: Arquivo/Ascom
Perspectivas para 2024
Em recente reunião realizada neste mês na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), o governo do Estado anunciou o aporte de R$ 500 mil em hora-máquina para Pelotas. O Município entregará a documentação para habilitação nos próximos dias, ainda neste ano. “A expectativa é que, na primeira quinzena de janeiro, os equipamentos alugados pelo governo do Rio Grande do Sul já estejam atuando na nossa zona rural”, informa Idemar.
As boas perspectivas anunciadas por Idemar não param por aí. Somada a essa ajuda de maquinário, emenda parlamentar do deputado federal Daniel Trzeciak, no valor de R$ 1 milhão, já está depositada para a Prefeitura, em processo de contratação de mais equipamentos para melhorias das estradas na zona rural.
“No momento, temos duas ótimas notícias com recursos garantidos do Estado e do deputado Daniel. O reforço de máquinas e equipamentos agilizará o trabalho de recuperação das boas condições de trafegabilidade no interior. O que precisamos é de tempo firme para devolvermos a normalidade para nossa colônia”, explicou Idemar.