
Conferência da Cidade é aberta com foco na proteção ambiental e na resiliência climática
Com apelo à proteção de áreas alagadiças e na necessidade de se tornar um espaço resiliente diante das emergências climáticas, a Conferência da Cidade foi aberta na noite desta sexta-feira (27) no auditório Dom Antônio Zattera, da UCPel. O evento será finalizado neste sábado (28), com realização de debates em diferentes grupos de trabalho e eleição de propostas e de delegados à Conferência Estadual, a ser realizada no segundo semestre deste ano. Com uma presença expressiva de público, a programação foi acompanhada pelo prefeito Fernando Marroni, pela vice Daniela Brizolara, secretários municipais, representantes do Legislativo, como os vereadores Paulo Coitinho (Cidadania), Jurandir Silva e Fernanda Miranda (ambos do Psol), e Cristiano Silva (União Brasil), entre outras autoridades. A abertura contou com apresentação da Orquestra Estudantil do Areal e se encerrou com o painel temático e mesa de debate “Ambiente, espaço e sociedade”, que contou com a participação da professora de Sociologia da UCPel, Carla Ávila, da arquiteta e urbanista Cláudia Fávaro, do diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Faurb/UFPel), Maurício Polidori, e da doutoranda em Antropologia pela UFPel, Simone Fernandes Matias.
“A Conferência nos desafia a pensar no futuro, e o futuro acontece agora”, disse o prefeito Fernando Marroni em sua fala. O chefe do Executivo pelotense reconheceu a necessidade dos gestores e da população em geral de “dar passos largos” em direção a uma cidade, a um país e a um planeta onde se possa viver em um ambiente saudável e em segurança - sobretudo para salvaguardar a parcela mais vulnerável, que já sofre com a precariedade de serviços básicos como mobilidade urbana, habitação, saneamento, saúde, entre outros. “Essa é uma oportunidade para que possamos cumprir essa tarefa, que é sobretudo civilizatória”, afirmou Marroni.

O prefeito Fernando Marroni (de costas), ao lado da vice Daniela Brizolara e do secretário de Urbanismo Otávio Peres, fala à plateia no auditório da UCPel na abertura da Conferência da Cidade (Fotos: Volmer Perez)
Ele lembrou que o município recebe a contribuição de uma bacia hidrográfica expressiva, que chega ao canal São Gonçalo e à Laguna dos Patos, e já cometeu ao longo da história “crimes” que resultaram em aterramento de áreas alagadiças, canalização de arroios naturais e devastação de matas ciliares.
“Não podemos mais continuar esse legado, temos oportunidades hoje como o PAC, do governo federal, de cumprir a meta do estatuto do saneamento, com 85% de água potável e 95% de esgoto tratado, vamos atingir esse objetivos com um equipamento público como o Sanep, contrariando a lógica neoliberal que prega que o setor público não é capaz de resolver os problemas.”

Fala da representante da Comissão Organizadora, Gilda Alves, do Instituto Hélio de Angola, abriu a Conferência da Cidade
A programação também contou com a participação online do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), João Whitaker. Secretário de Habitação da capital paulista, maior metrópole da América Latina, na gestão do então prefeito Fernando Haddad (2013-2016), ele defendeu que políticas de urbanismo necessitam de continuidade para promoverem mudanças culturais entre a população e sugeriu que em tempos em que a busca por “inovação” é tema dominante, os municípios brasileiros poderiam inovar recorrendo a uma tecnologia que as principais metrópoles europeias adotaram na primeira metade do século 19: saneamento e tratamento de esgoto.
“Uma cidade como Pelotas tem espaço e uma escala de problemas que permitem mudar padrões de urbanização. Não olhem para São Paulo, Rio ou Salvador, recuperem soluções básicas que as grandes cidades não conseguem fazer”, afirmou Whitaker.

Em formato camerístico, Orquestra Estudantil do Areal abriu a Conferência da Cidade na noite de sexta-feira
Sábado
A programação da Conferência da Cidade segue neste sábado nos turnos da manhã e tarde. Pela manhã, a partir das 8h, terá início o credenciamento e, em seguida, as atividades. Às 10h, nas dependências da UCPel, Grupos de Trabalho serão divididos para discutir e deliberar propostas sobre cinco eixos: Ambiente: cidade das águas e áreas verdes; Produção da cidade e desigualdades sociais; Transporte Coletivo e Mobilidade Urbana; Acesso a moradia e à Cidade; e Cultura, territórios, raça e gênero.
À tarde, a partir das 13h30, tem início a plenária final, com intervenção cultural da comunidade indígena Kaingang, apresentação da Síntese dos GTs, eleição das oito propostas a serem enviadas para a etapa estadual no documento final, eleição dos delegados para a Conferência Estadual, aprovação do documento final e apresentação de moções e encaminhamentos.