Patrimônio da Praça Coronel Pedro Osório registra o legado do município em diferentes áreas. Local ainda sofre com a ação de vândalos e tentativas de furto

Dez monumentos da Praça contam a história de Pelotas

Patrimônio da Praça Coronel Pedro Osório registra o legado do município em diferentes áreas. Local ainda sofre com a ação de vândalos e tentativas de furto
Por Autor desconhecido 10-11-2018 | 15:50:44
Tags: monumentos de pelotas, praça coronel pedro osório

Praça central de Pelotas, a Coronel Pedro Osório é um local de constante fluxo de pessoas, em que passado e presente dividem espaço diariamente. Já recebeu o nome de Campo, Praça do Teatro, Praça da Regeneração, Praça do Redondo, Praça Dom Pedro II e Praça da República. O nome atual foi dado em 1931, em homenagem ao Coronel Pedro Luís da Rocha Osório, falecido naquele ano. Hoje é um dos pontos de encontro favorito de pelotenses e visitantes de todas as idades que querem “lagartear” ao sol, tomar um mate, fazer um piquenique ou uma roda de violão, socializar, ver e ser vistos.

Apesar disso, muitas vezes quem circula por lá não percebe a riqueza histórica que ambienta os canteiros, junto à arborização e ao gramado. Cercada por prédios históricos, integrantes do conjunto arquitetônico pelotense - reconhecido em 2018 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio do Brasil -, o local tem oito entradas de acesso, todas convergentes ao centro, onde se encontra a Fonte das Nereidas. Há ainda dezenas de monumentos em homenagem a figuras históricas da cidade e do país, incluindo o próprio coronel que dá nome à praça.

Durante o verão, aos sábados, a praça abriga, há alguns anos, o Mercado das Pulgas, que migra do largo do Mercado Central para o interior da Pedro Osório em busca de sombra para comerciantes e clientes dos artigos colecionáveis e raridades. Também a Feira do Livro de Pelotas todos os anos, em fins de outubro/início de novembro, se instala na praça por quase três semanas, como que modificando sua paisagem, apropriando-se dos seus contornos, árvores e monumentos, de modo a criar um clima único, impossível de ser reproduzido em qualquer outra parte da cidade.

Confira a seguir um pouco da história e curiosidades dos monumentos da praça mais frequentada de Pelotas:

João Simões Lopes Neto

Foto: Gustavo Mansur

A mais jovem das estátuas que habitam a praça é uma reprodução do célebre escritor pelotense, João Simões Lopes Neto. O mestre da literatura regionalista está, desde dezembro de 2016, sentado em um banco no entrocamento da rua XV de Novembro com a Lobo da Costa, onde diariamente pelotenses e turistas posam para fotografias sentados ao seu lado.

O monumento foi uma homenagem ao centenário da morte de Simões. A escultura em bronze é de autoria do artista plástico Léo Santana, responsável por obras como a estátua de Carlos Drummond de Andrade, situada em um banco do calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro. A iniciativa foi do Ministério da Cultura, com apoio da Prefeitura e do Instituto João Simões Lopes Neto, com patrocínio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Coronel Pedro Osório

Foto: Gustavo Mansur

Feito em granito e bronze, o monumento homenageia a mesma figura que nomeia a praça. Foi inaugurado em 1954, marcando o centenário do Coronel Pedro Osório. Em sua base, encontra-se um baixo-relevo intitulado As Três Idades do Trabalho, em que está representada uma cena de campo do Rio Grande do Sul: homens, mulheres e animais, envolvidos na lida de arar a terra. Tanto o baixo-relevo, quanto a estátua de Pedro Osório são de autoria de Antônio Caringi.

O Coronel Pedro Luís da Rocha Osório foi um colonizador influente da região sul. Comerciante, charqueador e pioneiro do cultivo de arroz irrigado na região, recebeu o título de coronel honorário do exército, por conta dos serviços prestados enquanto comandante da Guarda Nacional em Pelotas.

Domingos de Almeida

Foto: Gustavo Mansur

A escultura de Domingos José de Almeida, obra do artista catalão Antonio Campins, é composta de um busto, elevado por uma coluna, com uma placa frontal de bronze, em que se lê: “Domingos José de Almeida. Delineador desta cidade a que deu o nome. Benemérito obreiro do progresso local. Homenagem do Município de Pelotas”. Na parte de trás da estaca de sustentação do seu monumento, é possível ler: “Abnegado patriota, paladino da república rio-grandense, da qual foi ministro do interior e da fazenda 1836-1841”.

Seu pedestal de alvenaria, forrado com placas de mármore, encontra-se depredado e teve seus adornos de bronze furtados, no entanto, permanece de pé. Esse, aliás, é um dos problemas enfrentados pelos monumentos instalados na praça, vítimas frequentes de pichações e destruição. No lado esquerdo da estátua de Domingos, lê-se: “Faleceu a 6 de maio de 1871 em sua residência na costa de Pelotas”. Ele nasceu no estado de Minas Gerais, no ano de 1797. No início da década de 1820, instalou-se na região de Pelotas, a então freguesia de São Francisco de Paula, onde começou o seu envolvimento na indústria do charque. Durante a Revolução Farroupilha foi uma das principais figuras articuladoras.

Yolanda Pereira - Miss Universo 1930

Foto: Gustavo Mansur

Nos idos de 1930, a pelotense Yolanda Pereira Souto de Oliveira conquistou o título de Miss Universo, colocando a cidade em destaque no contexto mundial daquele ano. Foi a primeira brasileira a vencer o concurso. Na praça, atrás da esplanada do Teatro Sete de Abril, ainda há o monumento erigido para o Roseiral Yolanda Pereira, canteiro de rosas feito em homenagem à Miss. O pedestal lembra uma coluna grega.

Homenagem às Mães

Foto: Gustavo Mansur

O Monumento às Mães, que teve como modelo a esposa de Antônio Caringi, autor da obra, foi instalado em 1968, e fica próximo a Fonte das Nereidas, no canteiro em que se situa o banheiro da praça. O granito retangular que serve de suporte para a escultura possui uma placa de metal, com a seguinte informação: “Este Monumento às Mães, teve como modelo a poetisa Noemi Assumpção Osório Caringi, esposa do escultor Antônio Caringi”.

Antônio Caringi: um escultor pelotense

Antônio Caringi é o artista responsável por vários monumentos presentes na praça: o monumento ao Coronel Pedro Osório, a placa das Três Idades do Trabalho, o Monumento às Mães e a escultura de Doutor Brusque Filho e Doutor Amarante. Caringi nasceu em Pelotas, em 1905. Estudou artes no final da década de 20, quando foi para a Alemanha, já reconhecido como um nome promissor na escultura. Em 1952, criou o curso de escultura na Escola de Belas Artes de Pelotas, iniciando sua carreira docente. O artista faleceu em 1981, em Pelotas, sua terra natal. Suas obras estão espalhadas por diversos locais públicos e museus do Brasil e exterior.

Ilustres da medicina pelotense

São quatro homenagens instaladas na praça para os que se destacaram, em diferentes períodos, na área da medicina em Pelotas. Nas estátuas é possível ver referências ao trabalho exercido por essas figuras, sua dedicação e comprometimento com a comunidade.

Brusque Filho

Foto: Gustavo Mansur

Situado na rua Marechal Floriano, em frente ao Clube Caixeiral, o monumento de autoria de Antônio Caringi, que presta homenagem ao Dr. Brusque Filho, foi instalado em 1968. O médico, representado com uniformes de sua profissão, foi uma figura que praticou a medicina e a caridade em solo pelotense. A obra foi construída com suporte de mármore marrom e a estátua, fundida em bronze. Nela está inscrito: “Exerceu a medicina, praticou a caridade e mereceu a gratidão dos pósteros. 1962”.

Doutor Urbano Garcia

Foto: Gustavo Mansur

A homenagem ao Doutor Urbano Garcia fica em frente ao Grande Hotel. Monumento de granito e bronze, teve recentemente sua placa retirada para evitar que fosse furtada, uma eminência constatada após ser encontrada solta do resto da estátua. A peça se encontra sob os cuidados da Secretaria de Cultura (Secult). “Dr. Urbano Garcia. Foi inexcedível em carácter, em civismo, em bondade. Ninguém o excederá na saudade e na gratidão de seus conterrâneos” é o escrito esculpido na pedra, já um pouco desgastada. O artista paulista Hildegardo Leão Veloso é o autor do monumento.

Doutor Amarante

Foto: Gustavo Mansur

O busto de Doutor Francisco de Paula Amarante, de autoria de Antônio Caringi, fica próximo à esquina das ruas XV de Novembro com Lobo da Costa, atrás do banco de Simões Lopes. Nele está escrito, em placa de bronze: “Preito de gratidão ao Dr. Francisco de Paula Amarante. Há um único meio de vencer a morte: é a consciência de ter feito o bem. 1950”.

Doutor Miguel Barcellos

Foto: Gustavo Mansur

A escultura de Doutor Miguel Rodrigues Barcellos, obra de Antonio Campins, trata-se de um busto sobre pedestal, contendo uma placa de bronze com a mensagem: “Dr. Miguel Rodrigues Barcellos, Barão de Itapitocay, gratidão do povo de Pelotas. O pae dos pobres”. Miguel se formou em medicina no final da década de 1840. Exerceu a profissão em Pelotas, durante toda sua vida, como principal médico da Santa Casa de Misericórdia, função que assumiu de 1852 a 1896. Na mesma década, passou a contribuir também com a Sociedade Portuguesa de Beneficência e atuar em política, como vereador. A Santa Casa teve na figura do seu tio, capitão José Rodrigues Barcellos, seu primeiro provedor, além de outros membros de sua família que foram fundamentais para a instituição.

Do pelourinho às Nereidas

Foto: Gustavo Mansur

Em 1832, no local onde hoje está localizada a Fonte das Nereidas, foi construído um pelourinho, que era onde os considerados infratores, em sua maioria negros escravizados, recebiam punição em chibatadas. O pelourinho era também um símbolo de independência administrativa. Nesta época, o local não era encarado como um jardim público frequentado pela população. Só a partir da segunda metade do século XIX é que os casarões do entorno começam a ser construídos e em 1873 o chafariz, importado da França pela Companhia Hidráulica Pelotense, foi instalado no lugar do pelourinho, a fim de ornamentar a cidade e abastecer a população do entorno com água potável. Na cidade de Edimburgo, na Escócia, há um chafariz idêntico à Fonte das Nereidas.

Curiosidade

Igreja descentralizada

Uma das curiosidades sobre a formação urbana de Pelotas, que se diferencia de outras cidades, é que a sua igreja não é localizada junto da praça principal. No ano de 1846 chegou a ser lançada a pedra fundamental próximo a Pedro Osório, pelo Imperador Dom Pedro II, para que ali fosse feita uma igreja, que jamais foi erguida.

Confira as fotos desta reportagem no Flickr da Prefeitura de Pelotas

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