
Emef Alberto Rosa discute trabalho infantil de forma lúdica
Mais de 40 crianças da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Coronel Alberto Rosa, no Corrientes, 6º distrito, participaram da primeira atividade sobre o enfrentamento ao trabalho infantil em formato lúdico. O evento, promovido pelas secretarias de Assistência Social (SAS) e de Educação (SME), foi realizado nesta segunda-feira (29) com crianças da pré-escola, primeiro, terceiro, quarto e quinto ano do ensino fundamental, e envolveu música, teatro, e muita brincadeira. O novo formato deve ser levado a outras escolas da zona rural até o fim do ano, e seguir em 2026.

Adriane, Rodrigo e Taíse comandaram as atividades com a criançada
O projeto integrado entre as duas secretarias faz parte de uma ação estratégica do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) no município, e busca orientar e mobilizar estudantes e equipes escolares sobre os riscos da exposição de crianças e adolescentes ao trabalho. A equipe também auxilia nos encaminhamentos das famílias para a rede de proteção, quando necessário. Crianças não podem trabalhar em nenhuma situação; e adolescentes, a partir dos 14 anos, podem ocupar algumas funções remuneradas, mas respeitando uma série de regras estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como não ser atividade perigosa, insalubre ou prejudicial à sua formação.
Durante a atividade, as crianças aprenderam a diferença entre trabalho e colaboração em casa, ou seja, a obrigação por levar dinheiro para casa é dos adultos, mas as crianças podem ajudar em diversas tarefas, de acordo com a sua idade, como a lavar ou secar a louça, arrumar a própria cama, juntar os seus brinquedos, ou dar comida para os seus bichinhos. Entre os desafios propostos estava diferenciar trabalho e colaboração apresentados em imagens, fugir do Trabalho, e correr na direção da Brincadeira, representados por duas pedagogas, Adriane Gerber e Taíse Gerber Lemos. O professor de música, Rodrigo Xavier, conduziu as crianças ensinando a letra e o tom da canção que diz que trabalho infantil tem que acabar, e que criança tem que brincar para desenvolver o corpo e a mente.
Teatro, música e brincadeiras encheram a tarde das crianças
Adriane, que propôs o novo formato da atividade, e representou a Brincadeira (e ganhou muitos abraços), explicou que as crianças aprendem e se desenvolvem brincando e estudando, e que correr, subir em árvore, pular ou jogar bola desenvolvem diferentes habilidades. Ela também falou sobre o uso de videogames e celulares, que são brincadeiras, desde que usados por pouco tempo, porque as brincadeiras que mais desenvolvem corpo e cérebro são as reais, não as virtuais.
Depois da atividade coletiva, as turmas seguiram com as tarefas propostas pela equipe. Cada criança teve a missão de desenhar o que aprendeu ali e de montar um catavento decorativo, que é o símbolo da luta da população dos cinco continentes pela erradicação do trabalho infantil.
Depois das brincadeiras coletivas, todos pintaram os seus cataventos
Na sala do quinto ano, parecia não haver espaço para outro assunto, as brincadeiras e a temática abordada estavam presentes. Melanie, de dez anos, explicou que “criança não deve trabalhar, mas tem que ajudar em casa em algumas coisas também”. Emily, de 11 anos, avalia que “as crianças devem brincar. Óbvio, tem que ajudar nas tarefas de casa, né? Mas não, tipo, carregar coisas muito pesadas, porque não é bom pra criança, né, carregar coisas muito pesadas”. Mas ela garante que ajuda em casa, “às vezes eu arrumo a cama, passo aspirador. Gosto de ajudar minha mãe nas tarefas de casa”. O Davi Lucas, de dez anos, diz que é o mais novo da sala, e que aprendeu que “brincar é saudável pro cérebro, desenvolve o cérebro”, mas foi além, lembrou que “não pode confundir trabalho como ajuda em casa. Eu em casa eu lavo a louça, recolho a roupa, e ajudo a tratar os cachorros e o coelho”, mas ele não faz isso todos os dias, e não é responsável por toda a louça da casa, só algumas vezes”.
A professora Glória Souza, responsável pela turma do quinto ano, conta que trabalha na Alberto Rosa há 38 anos, portanto muitas crianças já passaram pela sala dela. “Essa minha turma aqui é muito boa. Eles gostam de perguntar e eles falam muito, eles são muito questionadores. A gente faz atividades falando, trazendo recortes de alguma coisa, mas esse tipo de coisa [a atividade lúdica levada pela equipe] a gente não tem muito tempo para fazer, então quando vem alguma coisa assim para a gente é muito bom porque isso que vocês fizeram hoje eu vou seguir trabalhando com eles, a gente dá continuidade para isso”, garantiu.
A atividade contou, também, com a participação de outras profissionais da SAS, da SME, e de professoras da Escola.