
Painel Mulheres Negras na História de Pelotas define indicadas
A Secretaria Municipal de Igualdade Racial (SMIR) divulgou, nesta terça-feira (24), a lista com as 10 escolhidas para compor o Painel Mulheres Negras na História de Pelotas. A ação está sendo realizada em parceria com as secretarias municipais de Políticas para as Mulheres, de Turismo e de Cultura. O período de votação encerrou-se no dia anterior.
Foram definidos para a homenagem os nomes da produtora cultural Josiane Maciel Carvalho Silva; enfermeira e professora universitária Hildete Bahia da Luz; doceira e banqueteira Santa Cristina Pinheiro; a professora Eva Eliana Medeiros Gomes; trancista Caroline Medeiros (Preta G); principal fundadora do Asilo de Órfãs São Benedito, Luciana Lealdina de Araújo; compositora e intérprete Ligiamar Brochado Jesus, a Giamaré; professora e escritora Maria Helena Vargas da Silveira; Mestra Griô Sirlei Amaro; e a escultora Judith da Silva Bacci.
A indicação dos nomes foi feita via whatsapp da SMIR 53 9141-1026, sendo selecionadas as 10 mais mencionadas. O objetivo da iniciativa é dar visibilidade e reconhecimento a mulheres negras já falecidas que, com suas ações e trajetórias, deixaram um legado positivo para a cidade. Um painel com a fotografia e uma breve biografia das escolhidas será produzido, nos formatos físico e digital, para exposição durante a programação de aniversário de Pelotas e do Julho das Pretas.
Conheça, a seguir, mais detalhes sobre a biografia das 10 mulheres que irão compor o Painel Mulheres Negras na História de Pelotas.
Josiane Maciel Carvalho Silva – Josiane Maciel (1978–2025) foi uma produtora cultural com mais de duas décadas de atuação dedicada à arte, à diversidade e à transformação social.Foi cantora, comunicadora e curadora de projetos artísticos, com legado marcado pela valorização da cultura negra e pelo empoderamento de mulheres negras e LGBTQIA+ na cidade.
Hildete Bahia da Luz – Vinda da Bahia para a fundação da Faculdade de Enfermagem da UFPel em 1976, foi professora emérita da instituição e contribuiu significativamente para a formação de enfermeiros e o desenvolvimento da enfermagem na região, falecendo em 7 de janeiro de 2024.
Santa Cristina Pinheiro – Nascida em Candiota em 1932, Dona Santinha veio para Pelotas aos sete anos, quando passou a morar com uma família local. Passou toda a infância às voltas com fogão e panelas. Tornou-se doceira e banqueteira, ensinou o ofício através de cursos e foi uma das fundadoras da Cooperativa das Doceiras de Pelotas. Lutou pelo reconhecimento dos doces pelotenses e consta como uma das entrevistadas no relatório do Inventário Nacional de Referência Cultural do saber/fazer doceiro de Pelotas e região.
Eva Eliana Medeiros Gomes (1947-2010) – Professora pós-graduada com longa carreira no magistério estadual, teve atuação intensa nas comunidades escolares por onde passou, destacando-se a Escola Estadual Nossa Senhora dos Navegantes, onde aposentou-se e localizada no bairro onde veio a residir. Também foi seguidora dedicada da doutrina Espírita, tendo ministrado palestras sobre o tema.
Caroline Medeiros (Preta G) - Trancista e uma das fundadoras e, posteriormente, proprietária do Studio Street, ligada ao movimento Hip Hop e atividades de luta pela negritude pelotense e regional.
Luciana Lealdina de Araújo (1870-1930) - Filha de uma escravizada, nascida na cidade de Porto Alegre, chegou a Pelotas na década de 1880. Após a morte de seus pais ainda na adolescência, foi acolhida pelos irmãos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos de Porto Alegre. Devota fervorosa de São Benedito, o Mouro, foi a principal fundadora do Asilo de Órfãs São Benedito na cidade de Pelotas em 1901, e do Orfanato São Benedito na cidade de Bagé em 1909.
Ligiamar Brochado Jesus, Giamarê - Contribuiu, de forma brilhante, para a visibilidade da cultura negra e das artes afro em Pelotas. Entre diversos trabalhos notáveis, lançou seu primeiro CD, Um canto pá ocê, em novembro de 2006, no Theatro Sete de Abril. A obra é pura poesia do cancioneiro popular africano e composições de autoria de compositores magníficos da música pelotense.
Maria Helena Vargas da Silveira – professora e escritora, atuou como educadora e teve na literatura uma atuação comprometida com a memória do povo negro.
Mestra Griô Sirlei Amaro (1936-2020) – foi costureira, baiana, brincante do carnaval em diversas escolas e blocos de Pelotas. Atuou como trabalhadora em escolas e também deu aulas de costura.
Em reconhecimento à sua trajetória, Sirley Amaro foi agraciada em 2013 com o Prêmio Culturas Populares, 100 anos de Mazzaropi. Em dezembro de 2022, recebeu de forma póstuma o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal de Pelotas, tornando-se a primeira mulher negra a receber a honraria na história da UFPel. Ainda, em sua homenagem, o pátio quatro do Mercado Central de Pelotas e uma avenida no bairro Getúlio Vargas foram nomeados. Passou a dar nome à Marcha do Dia da Consciência Negra no município, desde 2019.
Judith da Silva Bacci – escultora pelotense nascida em 1918, trabalhou e morou na Escola de Belas Artes de Pelotas. Apesar de ter ensinado muitos alunos, foi proibida de frequentar o curso por ser negra. Criou bustos de John Kennedy, Dom Antônio Zattera e Tancredo Neves, entre outros. A estátua de Iemanjá instalada no Balneário dos Prazeres, em Pelotas, é de sua autoria.